Para você que precisa se comunicar melhor, que buscava um jeito de “fazer mais com menos”, cansou de fazer PPT com 80 slides cheio de texto pra ninguém entender e dizer educadamente “entendi!” no final ou simplesmente quer sair do blablabla e se expressar de uma maneira mais bacana…
Duas palavras: Visual Thinking. Vamos começar a mudar isso hoje! :)
“Se a vida fosse fácil, bebê não nascia chorando.” – Augustinho Carrara
Aloha!,
A comunicação sempre foi e será um desafio eterno entre o que o emissor quer dizer com o que o receptor consegue entender. No início da vida, nossas idéias mais simples são de fácil assimilação: apontamos pra algo e nossos pais sabiam que queríamos aquilo (estou passando por essa fase também). Passou o tempo e, em nossa vida adulta, comunicar nossas idéias é muito mais que apontar: é tornar tangível pro nosso receptor uma mensagem que por vezes tem um viés exato ou abstrato.
Independente da mídia ou canal que você usar, o processo de comunicação será sempre esse, já batido pra caramba em centenas de disciplinas, artigos e afins.
O que quebra é que hoje em dia, culpa de um sistema que prega que escrever e fazer calculo matemático é mais importante que você ter aula de educação artística, estamos enviezados em despejar todo nosso conhecimento no outro de duas formas, as quais aponto o problema:
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através do texto, onde piamente acreditamos que as pessoas lerão e compreenderão tudo: afinal, você está falando da estratégia do próximo semestre. Ninguém te conta, mas eu conto: eles não lerão todos os bullet points que você criou, nem sequer ler as partes importantes. Eles vão olhar em volta dos negritos que você colocar, ler os títulos, ver os gráficos e números (se existirem) e procurar por uma conclusão e algo como “O que temos que fazer nos próximos meses”. Talvez, com sorte, irão voltar e ler pra fazer sentido o que foi o tal “fazer isso assim e assado”.
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através da fala, mais uma vez nos apegando à falácia de que as pessoas irão prestar atenção em tudo o que você fala, tim tim por tim tim. Aplique isso numa mensagem que é expositiva (e cansativa) e não dá chance ao diálogo e você vai ouvir (ou não) um “Pode explicar novamente?”. Em dias como hoje, com a quantidade de interrupções e distrações que temos, compreender uma mensagem complexa falada é um desafio. Quando foi a última vez (de verdade hein!) que você ouviu com 100% de atenção uma pessoa te explicando algo? Ou você é daquela pessoa que perde informação e 2 min depois já esqueceu. hahaha
Eis algumas verdades
Somos adultos e a pedagogia, ou qualquer forma apenas expositiva, não funciona mais com a gente. Pior que isso, nosso tempo (independente de nossa profissão) é precioso: queremos hoje, mais do que nunca, entender rápido para agir rápido.
A Teoria da Pirâmide de Aprendizado do William Glasser, um psiquiatra p*ca do USA, analisou a quantidade de informação que a gente retém, de acordo com a forma como a recebemos, depois de duas semanas. É um estudo que tem, como sempre, algumas contestações, mas é amplamente utilizado para balizar que:
Então amigos, quando você fala na MELHOR das hipóteses, as pessoas vão reter 20% do que você falou. Isso pula para 50% quando as pessoas podem ver e ouvir algo. Mas aí vem o pulo do gato: as pessoas cansam de muito texto e facilmente se perdem numa idéia falada mais complexa. Então, como fazer pros abençoados receptores entenderem o que você, esforçado emissor, quer passar?
Você entendeu ou quer que eu desenhe?
Já ouviu essa expressão popular? Existe um mundo de sabedoria implícito, mas a grande verdade é que o desenho é a melhor forma de expressarmos de forma contundente uma idéia. Já pensaram como seria para artistas explicarem a carga abstrata de suas obras?
Nosso cérebro é visual: ele processa o conceito de uma imagem 60000 mais rápido que textos
Já notou como você consegue assistir televisão e fazer outras coisas mas não consegue ler um texto sem focar nele 100% da sua atenção para compreende-lo? Sabia que a leitura ao celular mata, por dia, 150 pessoas no Brasil? Quando mais visual é a informação, mais fácil é nossa assimilição: o cérebro é uma máquina de fazer associações visuais. No final das contas, uma palavra ou um texto é um monte de imagens.
Por que a gente demora pra ler um texto: porque a gente tem que concatenar essas imagens das letras numa sequência lógica que faça sentido.
Façamos um teste.
Vou te mostrar um botão logo abaixo: quando clicar, exibirei um texto e uma imagem que representam a mesma coisa. Veja o que acontece no seu cérebro.
Muito provavelmente você viu a imagem e compreendeu suas características muito mais rápido do que leu e compreendeu o texto, certo? A imagem, inclusive, passa muito mais características: no texto seria uma longa frase. Uma imagem vale mais que mil palavras e você agora compreendeu isso de forma didática. Isso tem um motivo comprovado.
Portanto, é cientificamente comprovado que nosso cérebro entende e retém informação de uma forma muito melhor quando passamos nossa mensagem através de imagens. Vixi, vou precisar desenhar?
Pensamento Visual
Então chegamos ao Visual Thinking (se lê vÍ-ju-al fin-kin no inglês das ruas), que nada mais é do que pensar e organizar a sua mensagem de forma visual. Todos nós já sabemos fazer isso. Desde criança, quando desenhávamos uma casa quando alguém pedia, até hoje, quando pegamos um papel e rabiscamos alguma idéia que não conseguimos expressar bem em palavras.
“Ahhh, então é só desenhar?”
Desenhar é parte do processo. O que o visual thinking trouxe foi a forma deliberada de se pensar de forma visual, adotando ferramentas, formas e padrões que sejam reconhecíveis pelo seu receptor.
Vamos pra mais um teste.
Pegue uma folha de papel e um lápis. Agora, clique no botão abaixo e desenhe o que você entendeu após ler o texto. Esse não é um teste de velocidade. Leia o texto, compreenda e desenhe.
Eu vou mostrar o meu desenho mais tarde, mas o importante agora é: provavelmente você desenhou uma forma que representa uma coisa, outra forma que representa outra coisa e uma outra forma que representa a distância entre essas duas coisas.
Algumas pessoas escrevem uma palavra de um lado, uma palavra de outro, traçam uma linha entre as duas e escrevem uma referência acima da linha. E eu aposto que só de você ler o que eu escrevi, você imaginou isso na sua cabeça certo? :)
Alfabeto visual e o Sketching
Parabéns! Você acaba de fazer seu primeiro registro de visual thinking.
O que você utilizou é o que a gente chama de alfabeto visual. Cada um tem, de acordo com sua experiência de vida, seu próprio alfabeto visual. É facil saber a fluídez disso: já reparou como tem gente que desenha muito bem gráficos mas é péssimo em desenhar uma wireframe de uma página de internet? Esse alfabeto é muitas vezes absorvido por nós através de apresentações, slides e livros.
Lá fora, essa técnica é chamda de Sketching e tem toda uma literatura e excelentes livros sobre o assunto. Um deles, o Sketchnote Handbook, é uma versão passo-a-passo para aprender muitos modelos e padrões e vai ser em parte de base pros nossos próximos posts.
O Skteching é um processo de pensamento visual.
Alguns exemplos do que estou falando:
Em resumo
O que o visual thinking resolve é não apenas te ensinar a pensar e se expressar visualmente, mas também te dar todo o alfabeto visual que você precisa para se expressar. Como uma forma de comunicação, quanto mais você pratica, mais fluente você se torna nisso.
No próximo post, vamos começar a brincadeira e aprender nossas primeiras vogais e palavras do alfabeto visual. :)
Namastê!